"Moving at the speed of life, we are bound to collide with each other"

Assisti ontem ao filme "Crash" (em português, "Colisão") e certamente irá entrar para a minha lista de filmes favoritos. Com um elenco repleto de caras conhecidas e um argumento bastante interessante, o filme aborda o eternamente actual tema do preconceito, numa visão universalista: A de que todo o ser - humano está relacionado com outro, por força dos acontecimentos.

No filme, todo o conjunto de personagens, de uma forma ou de outra relaciona-se entre si. Numa história que começa do fim, voltando ao início para explicar o meio, os factos vão sendo apresentados numa teia complexa de relações, onde todos os personagens estão ali por um motivo. O tema central é o preconceito e a forma como este condiciona-nos a visão da sociedade e a de nós próprios; como turva-nos o comportamento e o pensamento, transformando as ditas “vítimas” do preconceito em agentes ainda mais activos deste sentimento.

O filme defende que todas as pessoas carregam uma espécie de"zanga", que as torna infelizes e que as faz agir em prol do seu próprio benefício, descurando dos sentimentos e das necessidades dos outros. A felicidade é corrompida pelo desejo constante da satisfação imediata, do fazer algo em função do “meu próprio bem”, porque é assim que toda a gente age e porque estão todos contra mim.

Uma série de acontecimentos dramáticos vai envolvendo todos os personagens, que aparentemente não possuíam nada em comum, numa série de clímaxes: O furto de um carro, um acidente de viação, um atropelamento, o abuso de poder policial, a corrupção, diversos assaltos, 2 homicídios, … e a lista não pára.

É daqueles filmes que nos fazem pensar: Onde estão afinal os valores de bondade, amor ao próximo, verdade e justiça? De onde vem este sentimento permissivo de que cometer maldades justificadas com zangas interiores é normal?

O ciclo está viciado: “Sentimos tanto a falta do toque, que chocámos uns contra os outros só para sentirmos alguma coisa”.