Há momentos nas nossas vidas em que sentimos que não temos qualquer controlo sobre o universo a nossa volta. Momentos em que sentimos ter os pensamentos à deriva e as emoções à mercê de qualquer tipo de influência externa mais ou menos significativa. Não é que estejamos baralhados, ou confusos, ou perdidos. Sabemos exactamente quem somos, onde estamos, o que queremos, mas não necessariamente para onde vamos. E não é que não tenhamos um rumo a seguir, ou um objectivo, mas as direcções a tomar e os caminhos por onde ir abrem-se a nossa frente num infinito número de possibilidades. Nem todas boas, claramente, mas não necessariamente prejudiciais ao ponto de causarem danos irreversíveis.

Ouvimo-nos a nós próprios com mais frequência e damos mais importância ao que meio mundo e arredores pensa de nós, porque de uma forma ou de outra, precisamos dele. E seguem-se alguns momentos de angústia, em que sentimos que tudo está mal e que mais vale fecharmo-nos e copas porque viver parece pura e simplesmente difícil demais. E seguem-se momentos de alegria e satisfação plena, em que sentimo-nos estúpidos por termos somente considerado a hipótese de evitá-los, por medo do sofrimento que a perda destes momentos causaria. E parece que todos os filmes em cartaz contam a história da nossa vida e todas as músicas pop nas paradas de sucesso falam directamente connosco e até aqueles pequenos insights, tão poderosos e que sempre tomamos por sinais a serem tidos em conta, tornam-se confusos e ambíguos.

E impõe-se a questão da confiança: Se confiamos o suficiente em nós próprios e nos outros ao ponto de entregarmos ao acaso o nosso destino, o que é em si contraditório, uma vez que o próprio conceito de "acaso" é contrário ao de "destino. Retirar o "controlo" desta equação é por ambos os conceitos em pé de igualgade. O que não é exactamente fácil de lidar ou de aceitar.

Estamos simultaneamente perdidos e encontrados. Temos a consciência clara e exacta do que se está a passar e/mas deixamos acontecer. É muita informação a processar, muitos factores a serem tomados em conta e não fazemos a mais pequena idéia do que acontecerá a seguir. Mas deixamos que assim seja, porque na verdade sabemos que é exactamente assim que o mundo funciona e garante o seu próprio equilíbrio. O controlo é uma ilusão. E vivermos nesta ilusão é mais prejudicial do que permitir o natural fluxo da vida.

Guardo um conjunto de lições de vida, que me guiam e orientam nesta fantástica aventura que é estar vivo. A primeira delas, é que a vida é curta demais para impedirmos a nós próprios de vivê-la ao máximo. A outra é, para mim, a questão mais pertinente que me coloco sempre que vou tomar uma decisão, seja ela qual for: Dentro de algum tempo, terá isto para mim a mesma importância que tem agora? O meio-termo disto está em viver a minha vida o melhor que posso, sendo o objectivo final o da consciência tranquila.


"Forgive and forget, no sorrow or regreats!"